Olhava para fora e observava os carros e motos passando,o barulho não a incomodava;era normal.
Havia tomado seu banho quente,já vestia seu pijama rosado de bolinhas amarelas e sentia o conforto de sua cama,com o lençol e fronha recém trocados.
Sintonizava em sua rádio favorita,uma de músicas clássicas,instrumentais que fazia juízo ao outono.
Abria seu diário,ou apenas "o caderno" como ela chamava e começa a escrever.
Escrevia sobre o dia,escrevia sobre a noite,escrevia sobre o passarinho parado na varando.Escrevia momentos, escrevia detalhes.
Deslisava seus pés pela colcha macia e sentia o leve aroma do amaciante.
Agora contemplava a lâmpada do local,uma luz fraca,amarela,acolhedora.
Um detalhe que ela gostava de manter em seu "caderno" era que só escreveria com um tom de caneta,dessa vez era o rosa.As páginas pareciam mesmices de uma cor só,mas ela gostava desse jeito.Desse detalhe.
O que narrar? ela não sabia,mas escrevia.
O ano será melhor?
E os calos nos dedos?-Dedos de meninas não tem calos,oras!
A mão era pequena,com unhas curtas,recém roídas e brancas,tão alvas que as veias saltavam em sua pele.
Escrever,era o que gostava,era o que a mantinha viva.Seu elixir de vida,sua poção mágica.